[Misbehaviors]

"Nothing can come of nothing."

03:28

(Un)delivered letter.

Postado por Uncool |

The Agony.


Sooner or later in life, the things you love, you loose - Florence and the Machine.

Quase como uma carta aberta. Mais do que isso, um grito sufocado. Algo entre uma dor excruciante e suavidade de um sussuro. Dói, e dói bastante. A omissão fez com que tudo tomasse essa proporção. É aquele famoso caso do "e se". Por aqui derrubo o mito do "me arrependo somente do que eu não fiz". Essa convicção caiu por terra no momento exato em que a razão e a emoção sublimaram o erro. Não, um grito não resolve, simplesmente pelo fato de não conter palavras, mas apenas sons insignificantes e guturais. Nada de articulação, nada de entonação ou colocações. E se eu não tivesse feito? E se eu não tivesse errado. E se? E se? E o eco? O eco continua exercendo a sua função de reverberação, mas não externa. Internamente. Reverbera como uma pedra jogada em meio a um lago, aquela que causa a vibração interna, só que nesse caso, reverbera pelo corpo e atinge o ponto vital, fazendo com que o orgão senhor da emoção e da vitalidade incline-se peramente ao sentimento, aquele que faz com que seja concebido a dimensão de uma determinada situação.

Eu me arrependo sim, e aqui faço o mea culpa. Única e exclusivamente minha. E faço isso de cabeça extremamente baixa, pois jamais levantarei os olhos para olhar o destino de frente, por mais que eu tinha sido o executor da manobra falha em que tornei-me vítima. Tornei-me vítima dos meus próprios atos e reflexões sem fundamentos. Eu não me orgulho, eu não me declaro réu. Eu sou o executor, que executou a própria dor, em vários ambitos. Enquanto executor de julgamento falho, não consegui distinção. Consegui apenas destruir sinceras verdades com um único golpe de falta de caráter. Em nenhum momento eu menti, as palavras ditas expressaram o que hoje eu tenho certeza. Expressaram a única coisa verdadeira nesse caos de omissão que eu criei. Hoje me dou conta que a verdade das expressões eram poderosas, tanto que as premissas continuam autênticas. Ato falho e palavras proferidas por impulso perdem o valor. Se o dito fosse o não dito figuradamente, hoje não teria comigo a certeza das afirmações. Eu só queria gritar que continuam sendo altamente ipsis literis, mas a voz não sai. O grito fica engasgado no fundo da garganta, sufocado. Eis então o sussuro, aquele que arranha o fundo da gargante e enche os olhos de lágrimas, estas que correm livremente pela face envelhecida pela ação do tempo, que faz questão de mostra-se impiedoso.

Sim, eu sinto falta, eu sinto arrependimento, eu choro e sufoco no meu silêncio. A cada momento a lembrança de situações eternizadas. Eu lembro do momento que fui levantado do chão, eu lembro do primeiro beijo espontâneo, do primeiro abraço, da primeira vez que as mãos se tomaram, do primeiro café, da primeira confissão, da primeira risada, da primeira piada e da primeira noite. Nâo há como esquecer e não há como negar. A importância é crucial. A cada momento, como um filme em sépia, eu vejo esses momentos, que desfilam na minha frente, e, em cada olhar pra qualquer lugar, em qualquer pensamento, sou invadido. E eu não reclamo dessa invasão, muito pelo contrário, ela é bem vinda, para estapear os dois lados da cara que um dia foi acariciada por aquele que merece o somente o melhor que existe. Tudo isso faz parte de mim, e como tal, é indissociável, sem a possibilidade de ser arrancado de mim, como o arrependimento e a vontade de voltar no tempo, com a finalidade de ter cuidado melhor daquele que esteve comigo.

Eu só queria dizer que não há substituição e nem justificativa. A falta é real e você vai continuar fazendo parte da minha história.

Desculpe por tudo.

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