[Misbehaviors]

"Nothing can come of nothing."

00:18

We must burn Veronica Shoffstall?

Postado por Uncool |

The (Mis)understanding.


Depois de algum tempo - Veronica A. Shoffstall
(After a While)

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dara mão e acorrentar a alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se,e que companhia nem sempre significa segurança. E começa aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, com graça de um adulto e não a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair meio em vão.

Depois de algum tempo, você aprende que o sol queima, se ficar a ele exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que, não importam quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando, e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam. Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso, devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm muita influência sobre nós, mas que nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você pode ser. Descobre que leva muito tempo para se chegar aonde está indo, mas que, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute, quando você cai, é uma das poucas pessoas que o ajudam a levantar-se. Aprende que a maturidade tem mais a ver com tipos de experiências que se teve e o que se aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais de seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva, tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama mais do jeito que você quer não significa que esse alguém não o ame com todas as forças, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, e que algumas vezes, você tem que aprender a perdoar a si mesmo.

E que, com a mesma severidade com que julga, será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára, para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que se possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende realmente que pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir mais longe, depois de pensar que não pode mais. E que realmente a vida tem valor diante da vida."

Esse texto vem circulando na Internet como sendo da autoria de Shakespeare, porém dele não é. É da autora mencionada acima, claro, modificado por mãos astutas, porque o original é em versos.
Apesar de o bardo inglês ser um narrador de conflitos humanos, não foi o pai da "auto-ajuda"(como o texto sugere), é nítido no texto que não vemos características shakespearianas.

Devemos ou não colocar Veronica na câmara de gás por essa evocação do nome santo de William Shakespeare em vão?

Polêmicas à parte, por mais que o texto seja diabético e bonitinho demais, tem fundamento. Se fizermos uma reflexão não muito demorada, entedemos que é realmente fato o que é dito.

Eu defendo a posição que independente do autor, o texto tem a sua importância, não para a história da literatura inglesa ou universal, porém para a história de cada um, trazendo à tona sentimentos enterrados e mudanças de percepções, mas, continuo revolto que esse texto me foi apresentado por nada mais, nada menos, que uma "Professora Emérita" de Literatura Inglesa dentro curso superior em uma análise dos textos de Shakespeare.

Vou fazer o que? Matar ou "Inducá"? Nenhum dos dois, claro, porque sou contra a violência (deixando claro que não seria gratuita) e muito menos educar, porque não sou pago pra isso. Então só me resta reclamar e ver tudo acabar em desculpas esfarrapadas.

00:27

Snow White Smile.

Postado por Uncool |

The Smile.


“É necessário muito pouco para provocar um sorriso e basta um sorriso para tudo se tornar possível.” - Gibert Cresbon

Tudo realmente se torna possível?

Um sorriso pode nos elevar às alturas incontestavelmente, mas também podem nos atirar no círculo mais profundo do inferno.

Shakespeare já dizia: "Um indivíduo pode sorrir, sorrir, e ser um vilão."

Quantas vezes já nos deparamos em situações extremamente caóticas onde um sorriso fez toda a diferença? Sorrisos sinceros hoje são as coisas mais difíceis de ser ver, ainda mais em momentos que as pessoas tendem ao "canibalismo social", passando umas por cimas das outras, sem escrúpulos, para servir unicamente e cegamente aos seus objetivos pessoais. Porém, ainda existem aqueles sorrisos que nós fazem remeter a agradável sensação de que estamos sendo acolhidos, e é justamente sobre essa segunda situação que pretendo me aprofundar.

O poder de um sorriso é devastador, gera estímulos, gera vida. Um sorriso é capaz de demonstrar o que palavras não tem força de expor, uma vez que a palavra mal colocada vira tudo de pernas pro ar e faz com que a esperança se esvaía totalmente, escapando entre os nossos dedos, sem que tenhamos possibilidade de recompor a alegria que possivelmente teríamos.

O sorriso, de fato, é o arco-íris do rosto, que ilumina, que resplandece a luz criadora de toda força aproximadora entre as pessoas, e é imensamente triste ver que a chama dessa força se extingue pouco a pouco com o decorrer do tempo, ou melhor dizendo, com a convivência daqueles ao nosso redor.

Não podemos deixar que esse erro de percurso aconteça, porque dessa forma, tudo perde o sentido, tudo se contrai e acaba sendo engolido pelo nada, e o indivíduo se torna amargo, blasé, e, o tempo se torna cinzento e nada mais pode reverter essa situação quando alcançado esse estágio.

"It turn the summer into dust"

Curiosamente, eu tenho sorrido bastante ultimanente, o que é diferente do que sempre faço, que é dar risada. E tem um fundamento, tem uma razão, como tudo que ocorre em qualquer plano, seja ele material ou espiritual, porém isso é complexo demais pra ser exposto nesse exato momento.

A risada demonstra um estado de espírito, enquanto o sorriso demonstra um sentimento real que não tem a possibilidade de ser expressado de outra forma. Confesso que é bem mais divertido sorrir do que dar risada, já que risada damos o tempo todo (ou não), uma vez que vivemos cercados de situações cômicas ou tragicômicas, que levam a esse ato simplório. Digo simplório porque rir é mundano, enquanto sorrir é poético, divino e edificante.

Eu não quero parar de sorrir. Eu quero é sorrir pros pequenos prazeres da vida, como quase que uma Amélie Poulain, excluindo o fato de viver "inside yourself", porque não quero mais guardar o meu sorriso só pra mim, quero sorrir toda vez que estiver perto de alguém especial, quando tiver lembranças súbitas no meio da tarde e ao me deitar quando a noite chegar.

Humanamente é impossível sorrir todo o tempo, então façamos com que também seja humanamente impossível se entregar a um rompante de fúria, um acesso nervoso e a neurose diante cada situação. Tornemos o sorriso o semblante da atuação da força motriz universal, que é o amor explicitado sem esperar absolutamente nada em troca.

O discurso por aqui se encerra, com um enorme sorriso, daqueles do tipo que não é amarelo e todo mundo percebe que é radiante.

02:00

Being Baby Jane.

Postado por Uncool |

The Evil.


O que realmente define o conceito de maldade?

Tá vendo essa gentil senhora ai emcima? Pois é, prazer, Baby Jane! Aquela que aleijou a irmã famosa irmã em um filme brilhante do século XX para tomar tudo que "por direito" seria seu. Maldade?

Alguns atribuem a atos não aceitos pela sociedade, outros defendem a teoria que seja o comportamento desviado e alguns até chegam ao absurdo de declarar possessão demoníaca.

O que de fato será? Marquês de Sade há muuuuuitos anos atrás declarou que "o mal é inerente ao ser humano". Alguém ai discorda?

Eu defendo essa teoria. Sim, o mal é inerente ao ser humano. Uma criança, não consegue distinguir o bem do mal, mas desde pequena, pratica o mal inconscientemente. O que seria isso? Macumba? Possessão? Desvio das faculdades mentais? Não, claro que não, apenas a natureza seguindo o seu curso, o instinto tomando sua parte no sistema racional.

Quantas vezes já não presenciamos crianças maltrando animais achando que é uma mera brincadeira? Amarrando fogos de artíficios em rabos felinos?

Eu não consigo entender o julgamento alheio ao dizer que a maldade é intencional (deixando completamente claro que não apoio qualquer tipo de violência, o meu papel é apenas de mero espectador do panorama humano e suas consequências, e, sobre eles refletir de maneira utilitária.) uma vez que todo mundo tem a sua dose de maldade, em maior ou em menor proporção.

O que realmente torna uma pessoa ruim, malevóla ou diabólica?

Eu seria completamente hipócrita ao tentar definir esse conceito, justamente porque sou um ser humano como qualquer vivente da face da terra, e como todos, tenho os meus risos de casos trágicos pensando "Antes ele do que eu". E não pretendo ser uma figura Mariana para alcançar as alturas assim como uma dantesca Beatriz.

Certa feita Anne Rice fez muita gente chupar uma manga discretamente, e o pior, todo mundo engoliu e achou gostoso, e assim é até hoje. Ilustrando o comentário: "O mal é sempre possível e a bondade é eternamente difícil."

Ok, come on. Quem aqui nunca riu de uma pessoa tropeçando na rua? Caindo de alguma maneira? Ou então, disse aquele clichê terrível: "Bem feito!" Se existe uma pessoa assim, seria incrível passar 24 horas por perto, só pra analisar algumas reações.

Seria engraçadissimo notar (sendo sutil, para não falar "comprovar". Sim, sou fã de eufemismos") que o falso moralismo é algo extremamente cotidiano e todo faz vista grossa.

Agora só pra finalizar: Alguém aqui não se sentiu emocionado com o enforcamento de Saddam Hussein? Alguém aqui não ficaria contente com o esquartejamento de Osama? Certeza que ninquém comemoraria ver, ninguém mais ninguém menos, que, George W. Bush queimado em praça pública? Ninguém se glorificaria de ver Bento XIV tendo um traumatismo craniano ao cair da escadas de sua residência no Vaticano? Claro que sim, não é todo dia que temos a oportunidade de ver sofrer um papa que era um soldado de Hitler, que construia trincheiras e marchava cantando canções de guerra durante o 3º Reich.

O papel de dar a cara a bater dos dois lados é dos bons cristão e o ato de perdoar é da Igreja ao invés da sociedade?

De fato, todo mundo deveria rever os conceitos sobre maldade e bondade, inclusive eu.

01:39

Love Profusion.

Postado por Uncool |

Yeah, you make me feel.


Romantismo ou Amor Cortês?

Não importa, o que vem ao caso é: Incrível a quantidade de pessoas que hoje buscam um relacionamento sério, porém, tem uma série de fatores a serem analisados para que isso aconteça.

O pretê tem que ter invariavelmente o corpo sarado, a barriga tanquinho, o cabelo liso ou então um topete arquitetônico que só falta colocar palito de fosfóro atrás pra sustentar, ter carinha de modelo global, carro ano (Não, não pode ser popular, ninguém quer ser um anônimo.), roupas da moda ou então da última edição do SPFW, contatos influente e at last but not least, uma conta Prime ou Personalité.

Sem contar a necessidade de comprovação que essas pessoas tem, como manter uma amizade eterna para se verificar a possibilidade de um namoro, e, o famoso test drive, que é aquela bem dada, pra ver se a pessoa dá uma bem dada mesmo.

Hoje tive algumas experiências completamente gratificantes.

Primeiramente gostaria de esclarecer que não condeno nenhum tipo de comportamento, porém sei qual é aquele que mais se encaixa pra mim. Não tenho problemas com isso, e não estou aqui para fazer o advogado do diabo, ao contrário, acendo a vela para Deus e outra pro Chifrudo.

Conheci alguém incrível, (Sim, finalmente, encontrei alguém extramemente agradável e que sabe conversar, tem cultura e esbanja charme sem exageros.) e todos sabemos como isso é difícil.

Agora vem o cerne da questão: Existe a possibilidade de se apaixonar por uma pessoa sem conhecê-la? Apenas de conversas, risos e afins, ou; é necessário um test drive comprovando o a certificação do ISO 9002?

Seja como for, algo me diz que é melhor não pensar a respeito dessa questão, o lema é: "Carpe Diem"

Eu sempre fui um romântico literariamente falando, porém hoje me dei conta que o buraco é mais embaixo.

Descobri que sou um romântico que tem tendências fortíssimas para o amor cortês, e isso é um problema ao cubo da raiz quadrada de 247 elevada a 9º potência.

Independente do que se passe, estou confortável, sei do meu lugar e sei me virar comigo mesmo, apenas achei interessante compartilhar publicamente uma descoberta pessoal, e lançar a questão para a reflexão.

Que seja para o bem, ou para o mal, tudo tem uma razão de ocorrer, e que venha a boa, não me importa qual seja ela.

Só sei que estou me sentindo bem, muito bem btw, como há tempos não ficava, e tomara que continue, e não precisa ser nem do jeito que eu gostaria que fosse, porque é o tipo de situação que "se melhorar estraga", logo, se faz necessário andar devagar porque o andor é de barro.

14:57

The Strangers X Franz Kafka.

Postado por Uncool |

The Strangers


Eis que ontem eu estava trabalhando, completamente entediado porque não tinha absolutamente nada pra fazer e me veio um estalo: "Vou assistir a um filme, pelo menos assim o tempo passa e eu me divirto."

Quando fui olhar a minha máquina, eu tinha lá "Os Estranhos", que estava perdido na dimensão paralela do meu PC já há alguns meses e resolvi ver esse mesmo pra ver que bicho dava.

O filme é completamente sem pé, sem cabeça e cabelos, porém é incrivelmente atraente! A história é de um casal que deveria fazer as maiores estripulias sexuais possíveis trancado numa casinha no meio do nada, porém o rapaz resolve estragar tudo pedindo a mocinha em casamento, e como ela é uma mulher moderna, ela não aceita, e aí vira aquele melodrama que conhecemos. Mas, mesmo assim, eles transam (claro) e depois o rapazinho precisa se ausentar por algumas horas.

Acontecimentos bizarros ocorrem: Uma louca que bate a porta às 03:00hs e procura pela Tamara, depois disso, não posso contar mais senão estraga o grande clima de tensão.

Como eu jah disse anteriormente, o filme não tem nexo algum, rombos gigantescos no roteiros, atuações meia boca (sim, acreditem, Liv Tyler está compleamente engessada e insossa na atuação.) e produção fuleira, mas mesmo assim, te faz pensar, e eu ainda não engoli esse filme como eu deveria, e por isso ainda continuo pensando...

Me despertou um desconforto terrível essa película, um estranhamento completo (ok, isso foi clichê levando em consideração o título do filme.), o que me fez lembras das obras de Kafka.

Todo o filme é permeado de interrogações, assim como "O Processo", onde Josef K. um dia acorda e descobre que está sendo processado e não sabe porque e nem por quem, e a obra se desenrola com fatos sem explicações e acontecimentos sem causas. O mesmo acontece no filme, aonde o casal entra em um jogo de gato e rato e não fazem a mínima idéia assim como nós. Eles são atacados, acuados e sem saber o porque e por quem.

Isso nos levanta o seguinte questionamento: É pior ter medo de situações que você sabe que podem ser resolvidas de alguma forma, ou de fatos corriqueiros ou então sentir medo sem nem saber o porque, e o que pior ainda, sentir medo de uma situação pela qual você não tem a mínima noção do que é.

A violência gratuita nunca foi tão grátis como podemos ver no filme e nos leva a constatar que é um estilo de vida, sem arrependimentos como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Não tenho certeza nenhuma de que houve influência de Franz Kafka no filme, mas que nos remete a ele diretamente, isso é mais do que certo.

Deixemos as questões técnicas de lado, e como um telespectador que se aliena, senta na frente da TV e se destrai com qualquer coisa, eu indico sim o filme, pelo fato de pouquissímos filmes nos fazerem suar de medo e no final das contas você fica com mais medo depois que o filme acabou, porque você sentiu um medo do caralho, sem ao menos entender o porque.

Bizarro não?

14:49

Prodigious Birth.

Postado por Uncool |

Então, decidi fazer um blog depois um longo e tenebroso inverno...

Primeiro, deixo aqui um post bem feitinho que "apareceu" aqui enquanto eu formatava o blog (com uma pequena mãozinha, claro, porque eu também desprezo HTML.) e houve também um pedido de que ele fosse mantido.

"Poxa, que incrível é o sentimento da amizade. A pessoa não vê a criatura há meses, mas mesmo assim se dispõe a ajudá-la num momento de dificuldade. (E eu sei como colocar um blog no ar é triste e trabalhoso. HTML, te desprezo).
Mesmo sendo enxotado, humilhado e escravizado, estou aqui perdendo minhas madrugadas em ajuda ao próximo... Fernando Pessoa é que estava certo: "Tudo vale a pena, quando a alma... blá blá blá wiskas sachê!"

Beijo Arthur. Meu aniversário já passou, mas eu adoraria receber aquele livro do Truffaut entrevistando o Hitchcock. Adoraria mesmo!"

E esse foi o post...

Agora, quanto ao blog: Me comprometo a atualizar periodicamente esse espaço e assim poder expor todos os meus pensamentos mais selvagens e absurdos, uma vez que eu sinto falta disso e não tenho ninguém por perto para me escutar, e, eu, sinceramente, me recuso a fazer uma ligação para o "Fala que eu te escuto" no meio da madrugada.

Esse é o primeiro post, primeiro de muitos, então deixo aqui um texto para reflexão.



A Coruja e o Rouxinol - Pierre de Craon.

Coruja? rouxinol? Se fosse para escolher, à primeira vista, sem hesitar, todos escolheriam o rouxinol, porque ele é a beleza, a graça, o sol, a vida.

A coruja é feia. Ela é a noite, é a morte. Ela é o ódio a luz, ela representa o mal. Quem poderia, nesse sentido, preferir a coruja?

Contudo, há também um significado legítimo e bom na coruja. Ela vê no escuro, por isso, sempre simbolizou a filosofia, que permite ver nas questões obscuras. Onde o homem comum nada percebe, o filósofo vê e compreende. A coruja representa assim o saber filosófico, a teoria pura, a ciência abstrata e, nesse sentido, é símbolo de um bem.

O rouxinol é a poesia. Até em seu nome parece haver um trinado sonoro. Ele é um raio de sol cantando. A coruja é a luz intelectual. Não há escuridão para seus olhos argutos.

Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?

A sabedoria é desejável e a beleza é amável. A filosofia ilumina. A poesia encanta. Preferir o saber, excluindo a beleza? Escravizar-se a beleza e repelir a sabedoria?

Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?

Santa Teresinha dizia: "Eu escolho tudo".

Assim também nós. Nós escolhemos a coruja e o rouxinol. Queremos a sabedoria e a beleza, a ciência e a poesia, a luz e a música. Porque sabedoria e beleza são inseparáveis. Escolhemos tudo porque sabemos que a sabedoria é formosa e que toda beleza possui o brilho da verdade. Coruja e rouxinol se completam.

Uma das características do pensamento moderno é opor dialeticamente doutrina e realidade, teoria e prática.

Nas escolas freqüentemente essa oposição atinge o desvario. Uns só valorizam a experiência. Outros se perdem em elucubrações cerebrinas.

A maioria dos alunos vai engrossar as turbas dos pragmáticos adoradores do concreto e tendem ao materialismo.

O modo de pensar católico é exatamente oposto. A doutrina da Igreja, que ensina que tudo o que Deus fez é bom e harmonioso, afirma que nunca se deve separar o teórico do prático, nem o abstracto do real. O pensamento católico se opõe, quer ao abstracionismo brumoso, quer ao ateísmo e materialismo práticos. Jamais ele separa um princípio do exemplo concreto. Doutrina e vida nos são apresentadas pela Igreja unidas e harmónicas. Todo princípio é vivido. Toda doutrina é exemplificada. É esse concreto no teórico, é essa filosofia do que há de mais prático, é essa harmonia entre doutrina e vida que fazem, do ponto de vista natural, o encanto da civilização cristã.

Como é fria e estéril a coruja sem o rouxinol! Como é vazio e superficial o rouxinol sem a coruja!

De que vale a teoria sem a realidade?

De que vale a poesia sem a verdade?

O ideal é unir os dois, pois o real é a luz intelectual na música da matéria. O real é a harmonia entre o teórico e o prático, a doutrina e a vida, o abstracto e o concreto, a coruja e o rouxinol.

Sendo o homem composto de elementos diferentes mas harmônicos, agrada-lhe o que lhe é semelhante. Amamos contemplar a concórdia de elementos aparentemente opostos. Nem o puramente abstracto, nem o puramente experimental satisfazem plenamente o homem.

São Tomás explica que, dado o homem ser corpo e alma unidos substancialmente, a razão não encontra nas criações poéticas toda a verdade de que necessita, pois a luz da verdade, na poesia, é por demais difusa. Por sua vez, as coisas de Deus superam nossa capacidade de intelecção. Sua luz, para nós, é ofuscante demais. Por isto, a razão humana só encontra uma luz que lhe é proporcionada quando contempla as verdades mais sublimes sob o véu das figuras sensíveis (Suma Teológica I-II, 101, 2).

Assim também, sendo Nossa Senhora a medianeira entre Deus e os homens. Ela é o vitral esplendoroso que nos torna possível ver a luz de Deus em todas as suas cores, brilhos e virtudes. Passando por Ela, ao encarnar-se o Verbo de Deus, a Verdade Divina, tornou-se acessível à nossa visão.

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